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EFEITO DA UTILIZAÇÃO DE PRÓBIÓTICOS EM DIETAS PARA BOVINOS NELORE TERMINADOS EM CONFINAMENTO

Introdução:
Aditivos alimentares são utilizados em dietas para bovinos de corte em confinamento com o objetivo de melhorar o desempenho animal, sua eficiência alimentar e diminuir os riscos de doenças ligadas à digestão tais como acidose e timpanismo.
Dentre os aditivos utilizados, os antibióticos ionóforos tais como a monensina apresentam resultados positivos na maioria das vezes, melhorando em torno de 7% a eficiência alimentar animal.
Entretanto, devido à preocupação em relação ao desenvolvimento de resistência por microorganismos aos antibióticos, aditivos deste tipo tem sido banido da nutrição animal em alguns países, gerando a demanda de outros tipos de aditivos alimentares nãoantibióticos ou “naturais”.
Exemplos de aditivos não-antibióticos são os chamados probióticos. Probióticos podem ser microrganismos vivos tais como bactérias e leveduras, ou mesmo extratos de culturas de microrganismos que trazem consigo componentes que podem exercer influência sobre a fermentação microbiana ocorrida no rúmen e também no intestino.
Dentro dos efeitos sobre a fermentação microbiana ruminal ligados ao uso de probióticos estão a manutenção do pH ruminal, diminuição da produção de lactato, aumento da concentração de propionato e aumento da digestão da fibra. Tais efeitos podem também estar relacionados ao aumento do consumo de alimento e do ganho de peso, diminuição do risco de acidose ruminal e aumento da digestibilidade da dieta.

Objetivo:
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito do probiótico DBR® sobre o desempenho e características de características de carcaça de bovinos Nelore confinados, na fase terminação, com dietas contendo alto teor de concentrado. 

Material e Métodos:
O estudo foi realizado no Departamento de Zootecnia, da Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo, em Pirassununga, SP. Foram utilizados 18 bovinos da raça Nelore, com média de idade de 18 meses e 362±30kg de peso vivo, no início do experimento. Os animais foram distribuídos aleatoriamente em baias individuais cobertas, com acesso a sombra e água.
A alimentação foi fornecida ad libitum, duas vezes ao dia, às 8h e 16h, com uma dieta a base de bagaço de cana-de-açúcar como fonte de volumoso (18%) e concentrado (82%) conforme descrito na Tabela 1. Além da dieta citada, os animais receberam diariamente 100g de uma mistura contendo fubá de milho, pela qual foram fornecidas quantidades específicas de monensina e probiótico DBR® conforme os tratamentos a seguir: 

1) MON - monensina sódica
- fubá de milho + 275mg de monensina sódica;
2) DBR - probiótico DBR®
- fubá de milho + 2,0g de probiótico DBR®;
3) DBR+MON - probiótico DBR® + monensina sódica
- fubá de milho + 1,0g de probiótico DBR® + 138mg de monensina sódica.

As misturas foram preparadas em misturador com capacidade de 100 kg e então foram acondicionadas em sacos plásticos, devidamente identificados, na quantidade a ser fornecida ao animal (100g). Os saquinhos contendo as misturas foram então armazenados ao abrigo da umidade e de insetos, até o momento do fornecimento. 

Durante os primeiros 15 dias após a chegada ao local do estudo, os animais foram adaptados ao local e à dieta. Neste período os animais receberam uma mistura de bagaço de cana crú e silagem de milho à vontade e ração concentrada na quantidade de 2,0 kg/animal nos dias 1 a 5; 4,0 kg/animal nos dias 6 a 10 e 6,0 kg/animal entre os dias 11 e 15 da adaptação. Esta fase não foi computada para fins de cálculo de consumo de alimentos e ganho de peso dos animais. As misturas com aditivos não foram fornecidas nesta fase.
Os animais foram distribuídos aleatoriamente aos três tratamentos, num total de seis animais em cada. Na fase de avaliação, as misturas entre fubá de milho e os aditivos foram fornecidos juntamente com a alimentação matinal. Após o fornecimento da dieta, as misturas foram servidas sobre a ração total misturada, não sendo misturadas a esta, com o objetivo de garantir o consumo integral das misturas contendo os aditivos.

O consumo de alimento (CMS) foi determinado diariamente sendo calculado como a diferença entre a quantidade de ração total fornecida e as sobras alimentares, as quais foram determinadas três vezes por semana. A quantidade de alimento fornecida foi ajustada de forma a manter 5 a 10% de sobras em relação ao total fornecido. Amostras de bagaço de cana e concentrado foram obtidas ao longo do período experimental para determinar o conteúdo de matéria seca da dieta e das sobras.
Os animais foram pesados, após jejum alimentar de 16h, no início e no final do período experimental e também a cada 28 dias. Durante as pesagens foram realizadas avaliações de carcaça através da ultrassonografia, para avaliação da área de olho de lombo e espessura de gordura subcutânea sobre a região entre as 12ª e 13ª costelas e sobre a garupa. O período experimental de avaliações teve duração de 84 dias.
Os dados obtidos foram analisados e são apresentados em função de subperíodos de 28 dias e em função do período total de 84 dias. A análise estatística foi realizada utilizando o pacote estatístico SAS (SAS Institute Inc., Cary, NW, EUA). Diferenças entre os tratamentos foram consideradas significantes apenas quando os valores de probabilidade foram menores que 0,05 (5%). 

Resultados:
A dieta utilizada no estudo proporcionou adequado consumo de matéria seca, observando-se um aumento na ingestão de alimentos ao longo do teste, como apresentado na Figura 1. Foram observados poucos surtos de acidose subclínica, quando houve pequenas depressões na ingestão de alimentos, por curto período de tempo.
Avaliando-se o comportamento semanal do consumo de alimentos nos três tratamentos estudados, não se verificou diferenças significativas entre os tratamentos DBR®, monensina e DBR®+monensina. 

Comportamento semelhante ao observado para o consumo de alimentos ocorreu com o ganho de peso dos animais nos diferentes tratamentos, como mostrado na Figura 2. Não se observou também diferenças significativas entre os tratamentos, ao longo do período do estudo. Os três tratamentos avaliados proporcionaram ganhos de peso considerados muito bons. 

Na Tabela 2, são apresentados os dados de desempenho em confinamento de tourinhos Nelore recebendo dieta de alto concentrado contendo diferentes aditivos.
Os resultados foram divididos em função de três períodos de 28 dias. Observou-se que em todos os subperíodos avaliados os animais alimentados com o probiótico DBR® apresentaram desempenho semelhante àqueles animais recebendo monensina ou a mistura entre os dois aditivos.
Durante o período 2, entre 28 e 56 dias em confinamento, observou-se que houve uma tendência estatística (P=0,09) dos animais recebendo monensina apresentarem melhor conversão alimentar que animais recebendo DBR®, porém considera-se que a diferença apresentada não é estatisticamente significativa. 

Quando avaliado o 1º subperíodo, verificou-se que a alimentação com DBR® resultou em ganho de peso e eficiência alimentar semelhante àquela apresentada com a monensina. Os primeiros dias de confinamento podem ser críticos à adaptação do animal à dieta de confinamento e, por isso, a monensina é utilizada com o objetivo de dimiuir os riscos de acidose e desempenho deprimido nesta fase. Vistos os resultados obtidos no 1º subperíodo, é possível sugerir que o probiótico DBR® pode ser utilizado em substituição parcial ou total à monensina sódica em dietas de confinamento.

Em relação às características de carcaça (Figuras 3, 4 e 5), também não houve diferenças entre os tratamentos estudados. Verifica-se que todos os tratamentos contendo DBR® proporcionaram um crescimento linear da área do músculo Longissimus, que é considerada uma medida de musculosidade e rendimento de porção comestível da carcaça bovina.

Todos os tratamentos proporcionaram cobertura de gordura na carcaça adequada quanto às exigências da indústria frigorífica, com carcaças apresentando aproximadamente 5 mm de gordura subcutânea sobre o lombo e a garupa.


Conclusão:
Com base nos resultados obtidos neste estudo, verificou-se que a administração do probiótico DBR® na dieta dos animais, resultou em ganho de peso e eficiência alimentar semelhante aos resultados obtidos com a administração da monensina. Dessa forma, é possível sugerir que o probiótico DBR® pode ser utilizado em substituição parcial ou total à monensina sódica em dietas de confinamento. 

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